Tempos que não voltam

Saudade dá mesmo daquelas coisas que mexem com a vida da gente. Até sentimos saudades de bons momentos, mas eterno é aquilo que nos transforma de alguma maneira. Que deixa em nós marcas tão profundas que nem o tempo, nem o melhor dos momentos consegue substituir ou fazer esquecer.

Saudade dá dos caminhos que acabamos deixando para trás em favor de uma nova jornada. Saudade dá de amigos, que mesmo quando descobrimos que nem são tão amigos assim, ainda faz falta, porque naquele momento foram amigos de verdade. Saudade dá de compromissos, conosco e com o próximo, até daqueles que sufocavam às vezes, mas no fundo, tinham só o intuito de preencher os vazios, que estando longe deles acabamos por perceber.

Saudade dá, às vezes passa, mas vira e mexe retorna. E por essa saudade, a saudade eternizada por momentos assim, é que eu reservo esse espaço para falar através das palavras de um texto bíblico, o que realmente é saudade pra mim, e o que me deixou muitas marcas, boas, é claro.

Jó 29, 2 – 18

“Quem me tornará tal como antes, nos dias em que Deus me protegia quando sua lâmpada luzia sobre a minha cabeça, e a sua luz me guiava nas trevas?

Tal como eu era nos dias de meu outono, quando Deus velava como um amigo sobre minha tenda, quando o Todo-poderoso estava ainda comigo, e meus filhos em volta de mim; quando os meus pés se banhavam no creme, e o rochedo em mim derramava ondas de óleo; quando eu saía para ir à porta da cidade, e me assentava na praça pública?

Viam-me os jovens e se escondiam, os velhos levantavam-se e ficavam de pé; os chefes interrompiam suas conversas, e punham a mão sobre a boca; calava-se a voz dos príncipes, e a língua colava-se-lhes no céu da boca.

Quem me ouvia felicitava-me, quem me via dava testemunho de mim.

Livrava o pobre que pedia socorro, e o órfão que não tinha apoio.

A benção do que estava a perecer vinha sobre mim, e eu dava alegria ao coração da viúva.

Revestia-me de justiça, e a equidade era para mim como uma roupa e um turbante.

Era os olhos do cego e os pés daquele que manca; era um pai para os pobres, examinava a fundo a causa dos desconhecidos.

Quebrava o queixo do perverso, e arrancava-lhe a presa de entre os dentes.

Eu dizia: ‘Morrerei em meu ninho, meus dias serão tão numerosos quanto os da fênix.’”

Esse texto, mais que um mero aglomerado de palavras que muita gente pode achar besteira, é para mim como um poema, que expressa e traduz muito do que já vivi, embora não com tanta intensidade, nem à risca, mas que foram alguns dos melhores momentos da minha vida, e hoje, tomei a liberdade de compartilhá-los com vocês.

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